sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

ANALISE: THE NEW SUPER MARIO BROS WII




Quem não conhece o Mario? Sim, aquele mesmo por trás... do sucesso da Nintendo. A icônica franquia é uma das mais famosas e respeitadas da história da indústria, e sua fama vem desde que o personagem italiano surgiu em 1981 no arcade Donkey Kong. Na ocasião, Mario era apenas Jumpman, um carpinteiro com a missão de salvar Pauline, sua namorada, das garras do gigante macaco. Desde então muita coisa mudou: ele mudou de profissão (se tornou um encanador) e passou a enfrentar os perigos do Reino dos Cogumelos para salvar Peach, sua princesa. Como essa história se repetiu ao longo dos anos... e todas as vezes que isso aconteceu, os jogadores sempre vidraram com aventuras desafiantes e empolgantes, não importando a plataforma.

É verdade que nem todos curtem a proposta da série, mas dificilmente desconhece o bigodudo. Nesses quase 30 anos de história, há algumas passagens inesquecíveis como "Super Mario Bros. 3" (1990, considerado por muitos o melhor da série), Super Mario World (estreia de Yoshi), "Super Mario 64", "Super Mario Sunshine" e, recentemente, "Super Mario Galaxy". Todos eles trouxeram sua própria gama de elementos criativos, modernizando, evoluindo e incrementando a gameplay. Claro, estes são apenas exemplos, e de forma alguma estamos desmerecendo os demais títulos. Afinal todos eles têm sua parcela nessa saga, e a Nintendo decidiu reunir vários de seus elementos primordiais em um só título, um verdadeiro presente para os fãs de longa data e uma oportunidade imperdível para quem deseja experimentar parte das raízes da franquia. E não apenas isso: há aspectos inéditos, com destaque para um impagável multiplayer.

Como em vários outros jogos desta longa série, em New Super Mario Bros. Wii o objetivo é resgatar a Princesa Peach que, para não perder o costume, foi raptada pela família Koopa. Dos filhos de Bowser, os jogadores mais recentes talvez só conheçam o Koopa Jr., mas antes dele já existiam os Koopalings (Larry Koopa, Morton Koopa Jr., Wendy O. Koopa, Iggy Koopa, Roy Koopa, Lemmy Koopa e Ludwig von Koopa), os sete filhos do vilão, que estrearam em "Super Mario Bros. 3" e retornaram em "Super Mario World". Cada um era um chefão na ocasião, e a história se repete agora. Dessa vez, porém, até quatro jogadores, no controle de Mario, Luigi e dois Toads, poderão correr simultaneamente pelos oito mundos, que por sua vez são divididos em várias fases, onde será preciso derrotar duas vezes cada malfeitor antes de avançar para o próximo.

Visualmente, New Super Mario Bros. Wii possui uma apresentação totalmente inspirada nas aventuras 2D da época. Mario e seus amigos e inimigos foram modelados em 3D, mas a movimentação é 100% "side-scrolling", sem deslocamento para o fundo (apenas vertical e horizontal). Os cenários inicialmente são bastante coloridos, com tons pastéis ao fundo, mas a diversificação mora no coração dos designers da Nintendo. Há castelos, casas-fantasma, fases vulcânicas, submersas, enfim, tudo aquilo já presente na série. Mais do que o visual, o que mais prende a atenção é o design, isto é, a forma como elas foram desenhadas. Algumas lembram muito as de outrora, mas as novas ideias trazidas pela equipe de produção são bastante inspiradas e fornecem um desafio muito acima da média.

São oito mundos ao todo, e o jogador navega por um menu para acessar as fases de cada um. Cada mundo possui seu próprio tema, indicando os perigos que os jogadores enfrentarão nas fases – no mundo aquático, por exemplo, há Bloopers e Cheep-Cheeps enquanto no mundo dos canos, os perigos são as Piranha Plants. Mas antes de entrar em uma fase, é possível que o jogador seja envolvido em um Enemy Course, onde se enfrenta um inimigo em questão, com objetivo de estourar oito balões "Toad" para salvar o personagem em troca de itens bônus. Não é difícil perceber que "Super Mario Bros. 3" foi usado como base principal para vários dos aspectos de New Super Mario Bros. Wii. Claro, existe aquela base que nunca muda e referências específicas a outros jogos da série (até mesmo a Donkey Kong, na forma de barris), mas o design de certas fases, o mapa e o que se encontra nele, e o modo como alguns segredos foram escondidos remetem muito mais à aventura de 1990.

Gameplay é o que importa, e a de New Super Mario Bros. Wii é uma das mais completas dos episódios 2D/2.5D da série, mesclando elementos de várias das vertentes 2D da série, e alguns emprestados de Mario 64. Os jogadores avançam por fases de um ponto a outro, passando por um checkpoint e, no caminho, derrotando inimigos, entrando em canos e, principalmente, pulando em plataformas e superando obstáculos mortais. As criaturas no caminho dos jogadores são todas já conhecidas: goombas, koopas, spikes, cheep-cheeps, boos e muitos outros recorrentes. É uma sessão de pura nostalgia cair em cima de um koopa voador para chegar a uma plataforma alta. Passam-se anos, mas o carisma que o jogo tem ultrapassa as barreiras do tempo.

Como sempre, em cada fase, Mario & Cia farão seu repertório de pulos sobre adversários, mas, diferente das aventuras 2D tradicionais, eles poderão dar a bundada, usar pulo triplo e até quicar de uma parede a outra, habilidades que vieram de Mario 64. Ele também pode se pendurar em estreitas plataformas ou andar sobre elas de forma cuidadosa, usar Yoshi para se safar de pulos mais longos, pegar carona na nuvem de Lakitu, se jogado de canos-canhão, se pendurar em grades, nadar, atirar bolas de fogo, bolas de gelo e usar os inimigos congelados como plataforma ou projétil. Não está satisfeito? Que tal tomar um super impulso com a ajuda de itens especiais, descer escorregando uma ladeira enquanto derruba tudo, virar mini-Mario e passar por locais inacessíveis de outra forma?

New Super Mario Bros. Wii é para ser jogado com o remote do Wii de lado, imitando o controle de NES – nenhum outro controle serve. Isso ocorre por causa de uma função: o tilt. O pulo giratório, um movimento com várias funções dentro do jogo, é executado balançado o controle remoto. Os demais são usados de forma tradicional: "2" pula, "1" corre/atira, "+" pausa e "-" abre o menu. O botão A tem uma função específica no multiplayer enquanto o B foi deixado de lado esquecido.

Apesar de lembrar muito "SMB3", este título não retorna com os powerups específicos e especiais daquela edição, mas os personagens ainda têm à sua disposição velhos itens (super cogumelo, flor de fogo), alguns mais recentes (flor de gelo) e duas roupas inéditas - Propeller (helicóptero) e Penguin – tudo isso ampliando a gameplay de forma significativa. A primeira permite que Mario & Cia tomem impulso e alcancem locais distantes verticalmente, enquanto a roupa de pinguim serve para eles congelarem os inimigos, nadarem com extrema precisão e, mais importante, não escorreguem no gelo. Ambas serão muito úteis para a conclusão das fases, imprescindíveis na hora de descobrir segredos.

Por falar em segredos, essa é uma área que promete deixar a todos, incluindo veteranos, de cabelo em pé. Em cada fase, há três Star Coins escondidas e encontrá-las será uma tarefa de dificuldade variada. Inicialmente, será um pouco trivial pegá-las, bem no estilo das Yoshi Coins de SMWorld, mas haverá diversas ocasiões em que não só será muito difícil apanhá-las, como também localizá-las. Há passagens secretas nos lugares mais inusitados, canos que só podem ser alcançados mediante certos requisitos (como dar um salto triplo com Propeller e aproveitar uma tempestade de areia para tomar mais impulso), e locais que, caso o jogador opte por um caminho, simplesmente não poderá voltar. Há mini-passagens que só podem ser acessadas quando os personagens estiverem em suas versões mini (cogumelo azul), e para poder conseguir esse item, é preciso ir à casa do Toad e participar um painel de bônus. Os powerups adquiridos dessa forma podem ser usados no mapa, e o jogador entrará na fase com a habilidade garantida – bem no estilo de Super Mario Bros. 3. Enfim, descobrir todos os segredos do jogo será uma árdua e desafiante tarefa para os completistas.

Para esse tipo de jogador, porém, há uma ajuda e tanto na forma de vídeos-guia que mostram como acessar passagens secretas que abrem caminhos alternativos no mapa, como conseguir certas Star Coins e até como conseguir o macete de "vidas infinitas" em determinadas fases, tudo isso por um preço acessível: suas próprias Star Coins. Gastar cinco moedas para ganhar uma pode não parecer um negócio saudável, mas há um incentivo extra para quem quer encontrar todas elas, na forma do secreto mundo 9, onde cada fase só estará acessível se o jogador adquirir todas as Star Coins do respectivo mundo.

Já para os novatos, há uma novidade, uma que foi bastante criticada na ocasião de seu anúncio, mas que está ali apenas para ajudar. Se o jogador perder vidas demais em uma determinada fase, uma caixa verde com uma exclamação surge permitindo que o uso do Super Guide. Ao acionar o caixa, o game pergunta se o jogador quer que Luigi o ensine a concluir a fase – a CPU, controlando Luigi, foca em mostrar o caminho. Quando o Luigi Guide termina, há a opção de o jogador tentar por si só o cenário ou não, e só então o jogo pergunta se ele quer pular a fase. É uma opção válida pela parte do auxílio de Luigi, mas pular a fase em questão não trará nenhum benefício ao jogador, porque ele necessita dominar as técnicas do jogo enquanto as fases estão mais fáceis. Pular uma fase só significa que ele precisará fazer de novo mais frente, sempre ao custo de quatro ou cinco vidas perdidas.

A grande novidade, a ponta desse iceberg, é o modo multiplayer cooperativo. Pela primeira vez na história de uma aventura de Mario, até três jogadores podem se juntar ao primeiro no mapa e participar das fases ao mesmo tempo, dividindo itens, adquirindo moedas em comum, e se ajudando... ou nem tanto. Em relação ao tradicional modo single, muita coisa muda. Em primeiro lugar, não há comparação: o jogo muda completamente de cara, e a diversão com o semi-caos instaurado em certas ocasiões é impagável. Os personagens não são intransponíveis, então é possível que jogadores, agindo ou não de má fé, empurrem ou sejam empurrados para cima de um Koopa, por exemplo. Perder ou ganhar impulso e ser projetado fosso abaixo ou não direção de um espinho são outras possibilidades. Não tem como não rir (ou chorar) disso.

Em segundo lugar, quando um personagem morre, ele retorna segundos depois preso em uma bolha e só é liberado se alguém estourar. Ele também pode se aprisionar propositadamente em uma bolha, apertando o botão A, para o caso de não querer atrapalhar ou por simplesmente reconhecer que não vai sair ileso da fase – nesses casos, os personagens flutuam e ignoram os perigos do cenário. Por fim, usando a girada, um personagem pode colocar o outro sobre a cabeça, e levá-lo consigo até o final da fase – isso é perfeito para o caso de um deles não saber passar de certos obstáculos.

Mas, deixando de lado o caos inicial, quando a tentativa de cooperação for séria, todos perceberão que a dificuldade das fases se amplia, e o motivo principal está no design. Todas as fases foram desenhadas com o modo para um jogador em mente, e não para o inverso. Nesse caso, os jogadores precisam se adaptar e, principalmente, se entrosar. Cada um tem seu jeito de jogar, e isso poderá e certamente os fará se esbarrar na hora de tentar desviar um Bullet Bill ou pegar o timing de um pulo em uma fase de deslocamento automático, por exemplo. Só para ter uma ideia, em nossa experiência na fase 6-3, Vegeta perdeu 10 das 88 vidas (cheater!!) que ele tinha, Moko perdeu quatro, enquanto Vinha sequer concluiu a fase (e usou um "continue"). Isso claramente mostra que uns certamente atrapalharão mais do que ajudarão no início, e que mais importante do que conhecer a fase, é preciso ter entrosamento.

Quem conhece e curte a trilha sonora de Mario ficará satisfeito ao saber que vários dos temas clássicos estão de volta, refeitos e com muita qualidade. Não ouvimos o principal, mas os temas das fases no subsolo e na água certamente agradarão aos fãs. Para quem desconhece esse assunto, saiba apenas que as composições são agradabilíssimas, até mesmo as novas, especialmente produzidas para esta versão. As músicas agradam tanto que até os inimigos, aproveitando um sample específico da primeira, chegam a dançar.

Podemos considerar essa nova empreitada de Mario como um presente. Presente para os jogadores que acompanham a saga do bigodudo de longa data, e para os novatos. Sim, quem nunca teve a oportunidade de saber como eram os jogos na era 2D de Mario não tem mais desculpa. É um título simplesmente fantástico, motivo até para se adquirir o console da Nintendo. Melhor lançamento para o sistema de 2009 é um título justo e ao mesmo tempo injusto, pois em um ano com tão pouca emoção na plataforma da Nintendo, New Super Mario Bros. Wii é capaz de fazer verão.

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