sexta-feira, 18 de dezembro de 2009




Dando continuidade à saga que vem desde a era PlayStation 2, A Crack in Time marca o retorno do carismático dueto formado por Ratchet e Clank, respectivamente um Lombax e um robô. Esta é a sétima aventura dos personagens da Insomniac, a terceira para o atual sistema da Sony, somando-se Quest for Booty, lançado via Playstation Network. Esta edição, como é de esperar, traz alguns elementos envolvendo tempo – uma novidade na série – que renovam e incrementam um pouco a jogabilidade conhecida, tornando esta uma jornada estelar para lá de agradável.

A história de A Crack in Time prossegue de onde A Quest for Booty parou, com o desaparecimento de Clank. A resposta para esse mistério surge logo no início, quando o diminuto cibernético aparece sob a custódia do Dr. Nefarious, antagonista que retorna de Up Your Arsenal. O maligno cientista fez um acordo com os inocentes Zonis e teve acesso a Great Clock, uma cidade construída no centro do universo e capaz de alterar o tempo, mas ele precisa da "chave" para usar esse poder, escondida no consciente cibernético de Clank. Como sempre, a jornada levará o jogador a vários planetas pela galáxia, ajudando Ratchet a salvar seu amigo... ou quase isso, já que a história reserva algumas surpresas, como um segundo Lombax – algo inédito, já que a raça foi quase que totalmente extinta.

Quem jogou as vertentes anteriores, sabe exatamente o que esperar em A Crack in Time. Sendo um autêntico jogo de aventura com elementos de plataforma, os personagens do jogo pulam, se agarram, socam, atiram, e abrem caminho pelas fases. Ratchet continua com sua principal arma, a chave inglesa, usada não só para golpear, como também para ser arremessada e usada em equipamentos que abrirão passagens. Já Clank usará principalmente um cetro, uma das novidades da série. Entre as fases de plataforma, haverá combates espaciais, onde Ratchet, a bordo da Aphelion, enfrentará hordas de espaçonaves inimigas e visitará planetas e luas, substituindo as viagens automáticas das versões anteriores.

Visualmente, A Crack in Time consegue uma façanha e tanto: melhorar em todos os aspectos o primeiro título da série para o PS3. Cidades esbanjando alta tecnologia, florestas mais verdejantes e luxuriantes, cavernas repletas de lava são alguns dos cenários visitados pela dupla, tudo construído com bastante eficiência. Isso sem falar do subconsciente de Clank, com design bastante criativo. Os efeitos de iluminação foram melhorados e as explosões ainda mais atraentes que antes, e o jogo praticamente todo roda a uma taxa alta e constante de quadros. As cut-scenes usam o próprio engine, mas com mais efeitos visuais e filtros que o normal, apresentando uma diferença visível, mas não muito gritante – embora seja possível perceber, por exemplo, que Ratchet é mais peludo nessas sequências de intermissão.

Os modelos estão fantásticos, e o Lombax agora possui um semblante ainda mais sério que o normal, enquanto os inimigos variam de tamanho e dificuldade. Por se passar em planetas distintos, o jogo tem a vantagem de poder trazer, em cada vertente, alienígenas diferentes, e este não é exceção. Há criaturas sinistras como o olho com perninhas que ataca às dezenas, como piranhas. Lutas contra chefões ocorrem esporadicamente durante o jogo, e todas elas oferecerão desafios variados, mas nada estratosférico.

Mantendo uma tradição que começou recentemente, o jogador ficará alternando entre Ratchet e Clank durante as fases, tendendo, porém, a passar mais tempo no controle do Lombax. Em todo o momento, haverá ação e plataforma, mas há elementos específicos em cada uma. Por exemplo, como Ratchet, a ação é infinitamente maior: há tiroteios, mais armas e acessórios, e muitos inimigos por vez, além de combates espaciais. Já como Clank, os combates são bem mais simples, mas há quebra-cabeças bem elaborados e elementos de plataforma que agora envolvem um pouco de controle do tempo.

Para salvar seu amigo, Ratchet conta com um arsenal parte conhecido, parte inédito, algumas dessas armas foram escolhidas por votação pelos fãs. Cada uma possui uma utilidade bem distinta, mas é inegável que elas são imprescindíveis nos combates. Há pistolas, sniper, tiros carregados, bombas para ataque, e algumas com funções mais defensivas como é o caso do Mr. Zurkon – um robozinho que acompanha Ratchet e atira em quem se aproximar – e o Spiral of Death – um mini-poste fincado no chão que eletrocuta todos na vizinhança. O mais cômico continua sendo o Groovitron, que dessa vez vem como uma luva, mas ainda tem a mesma característica: fazer os inimigos dançarem, enquanto você se aproveita da situação. As armas inusitadas continuam sendo um ponto forte no jogo, e o mais legal é que todas elas recebem upgrades.

Conforme se avança no jogo, não só os personagens ganham experiência, como também as armas melhoram seus atributos com o uso, até chegaram às suas versões Omega. Algumas delas recebem upgrades na forma de kits encontrados nas fases, ganhando funções diferentes como tiros duplos, rapid fire e muito mais. O mesmo vale para os acessórios de Clank, embora seu armamento seja mais leve.

Pela primeira vez na série, o fator tempo pode ser usado na resolução de enigmas e plataforma. Clank ganha um cetro que dispara um raio e cria uma esfera azul, retardando tudo que está em seu campo, incluindo plataformas giratórias, por exemplo. Ele também é usado no mini-game de eliminar problemas temporais em planetas, que por sua vez abre passagens e possibilidades para Ratchet.

Mas, talvez a maior novidade na gameplay de Clank seja o Time Pod, uma máquina que cria cópias temporais do robozinho. Isso basicamente serve para realizar puzzles onde as réplicas devem apertar botões no chão para abrir uma porta, enquanto o verdadeiro Clank a atravessa. Mais para frente, os quebra-cabeças serão tão cascudos - envolvendo duas réplicas fazendo ações combinadas com o próprio jogador - que o próprio jogo oferecerá, mediante um pagamento, a opção de pular aquele enigma. Quem resolver, porém, será pesadamente recompensado com bolts (parafusos), a moeda corrente.

Além dos combates, os jogadores têm durante as fases uma enorme quantidade de caixas contendo munição e muitos bolts. Destruir esses caixotes e assistir dezenas de parafusos voando e vindo em sua direção é muito gratificante. Mas, o jogo ainda reserva segredos bem guardados e outros nem tanto. Parafusos dourados, outra característica da série, se encontram escondidos pelos cantos dos cenários, enquanto Zonis fugitivos, quando coletados, garantem upgrades para a nave de Ratchet. E ainda há os kits, que também estão espalhados, e garantem mais recompensa para os exploradores. A Crack in Time oferece muito para os jogadores.

Em vertentes anteriores, as viagens entre os planetas eram praticamente automáticas, mas agora Ratchet pode percorrer o caminho manualmente, aterrissando em luas e planetas apenas para efeito de exploração. Elevando o humor presente, há quatro rádios que transmitem músicas inesperadas dentro do jogo, e notícias sobre os atos do Lombax. Há momentos em que será necessário enfrentar naves inimigas, mas felizmente os controles são bastante simplificados com a ausência de movimentação para cima e para baixo – apenas para os lados, com direito a Barrel Roll – e com energia recuperável – geralmente sua nave só explode ser for atingida várias vezes em um curto espaço de tempo. Apesar de ser bastante diferente do resto da aventura, é uma parte interessante do jogo, e abre caminho para uma exploração mais elaborada desse elemento no futuro.

A longevidade do título é ampliada com o fatos exploração, mesmo em locais previamente visitados. Há locais, por exemplo, que Ratchet só pode alcançar depois de conseguir certas habilidades (como a corrida com as Hoverboots) e por isso não é possível conseguir todos os Zonis, parafusos e kits de primeira, fazendo valer novas visitas. Isso será imprescindível para quem deseja adquirir todos os troféus do jogo, pois exigem a captura de todos os Zonis, a obtenção de um milhão de parafusos e muito mais. O game oferece tanta coisa que nem ao menos se sente a necessidade de um multiplayer.

Não há dúvida que o humor continua em alta em A Crack in Time - as partes onde Ratchet é acompanhado pelo infame Capitão Qwark são muito cômicas. Os personagens continuam esbanjando simpatia e carisma, e dessa vez a história é ainda mais cativante, envolvendo o passado de ambos os personagens. O jogo traz alguns elementos novos à série, não o suficiente para lhes render um prêmio de originalidade, mas sim para oferecer uma gameplay ainda mais versátil. Totalmente recomendado para que curte aventura, plataforma e puzzles.

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