quarta-feira, 25 de novembro de 2009

ANALISE: ASSASSIN'S CREED 2 XBOX 360 PS3




Assassin's Creed foi considerado um bom jogo por muitos usuários e também pela mídia especializada de um modo geral. Apesar da boa recepção, o game, que colocava na tela algumas idéias bem interessantes para o gênero, pecava em alguns aspectos mais básicos. Apesar da boa jogabilidade, o título trazia uma variedade reduzida de missões, além de não tirar um proveito muito grande daquilo que propunha, que era colocar o jogador na pele de um habilidoso assassino, capaz de transpor inúmeras barreiras físicas na busca por seus objetivos.

E se o título tivesse acertado mais? Se as missões fossem mais interessantes, os personagens mais carismáticos, os controles mais precisos e o jogo em si mais divertido? As respostas para estas perguntas estão em Assassin's Creed II, sequência do game de ação da Ubisoft que chega no Xbox 360 e PlayStation 3. O título está ainda melhor que o primeiro, corrigindo inúmeros dos problemas apresentados na versão anterior, além de adicionar alguns elementos que acabaram se tornando cruciais para que o título tivesse um desempenho ainda melhor.

Desta vez, o jogador encarna Ezio Auditore da Firenze, um jovem membro da nobreza em uma Florença renascentista. O mote principal do game continua sendo a análise da memória presente no DNA de Desmond, o ''segundo personagem principal'' da trama. Nós decidimos entrar em poucos detalhes sobre os desdobramentos deste fato já que o título faz inúmeras referências ao primeiro e seria uma grande maldade estragar esta ótima história. Porém fica a dica: a trama de Assassin's Creed 2 está bem mais complexa que a apresentada no game anterior, além de oferecer personagens mais carismáticos, como é o caso do próprio Ezio.

Por exemplo, o rapaz não inicia o game como um assassino. Aos poucos ele vai descobrindo mais sobre a sua linhagem e após um acontecimento traumático, decide dar as costas à sua vida normal para tornar-se de vez uma sombra que se esconde nos becos escuros, desaparece no meio da multidão e abate sua vítima com violenta precisão, como uma velha águia. Na verdade a história possui muito mais detalhes, que obviamente não revelaremos, mas que garantem o interesse por parte do jogador por um bom tempo.

Além de trazer uma trama melhor trabalhada, o jogo também se destaca pela grande quantidade de conteúdo presente nesta versão. Como alguns devem saber, Assassin's Creed II é um game de ação em terceira pessoa não linear, isto é, não exige que o jogador execute suas ações em uma ordem pré-determinada. Isso permite que cada um tire o proveito que achar melhor do game, seja cumprindo todas as missões alternativas propostas ao longo da história, seja somente seguindo as principais, dando continuidade a trama.

Um fato interessante presente nesta sequência é que Assassin's Creed II faz inúmeras referências a seu antecessor, sobretudo sobre Altaïr, protagonista do primeiro game. O assassino original deixou para trás não só um forte legado, mas também algumas mensagens codificadas no qual Ezio acaba tendo contato ao longo do game. Estas mensagens possuem não só informações importantes sobre a linhagem dos assassinos, mas também esquemas complexos que demonstram como criar ou reparar equipamentos especiais para a prática dos assassinatos. Infelizmente Ezio acaba demonstrando que não tem o nível de instrução suficiente para decifrar tais códigos, tendo então que buscar ajuda para tal.

Pense bem: época do renascimento, Itália antiga, Florença... isso mesmo, quem acaba ajudando o jovem assassino é o célebre inventor, pintor e pensador Leonardo da Vinci. Com bastante entusiasmo, da Vinci acaba se mostrando bastante solícito em relação aos atos praticados por Ezio, inclusive acobertando alguns de seus crimes. Porque o inventor age assim? Só jogando para descobrir. O fato é que a inclusão de da Vinci no game permitiu aos produtores não só deixarem a história mais completa e profunda, mas também adicionar determinados elementos que influenciam de maneira significante na jogabilidade.

Por exemplo, para a prática do assassinato, Ezio conta com uma espécie de manopla em seu braço que esconde uma poderosa lâmina. Inicialmente ela só faz o básico, mas conforme o jogador encontra novos documentos codificados e os entrega a da Vinci, atualizações desta manopla são disponibilizadas com o tempo. Isso significa que podemos lutar com lâminas duplas, lâminas envenenadas, pistolas escondidas sob o punho do personagem dentre outras invenções que acabam deixando a jogabilidade cada vez mais completa e prazerosa.

Mas como conseguir estes documentos? A exploração do cenário tornou-se um ponto primordial para Assassin's Creed II. Vamos citar o mapa das cidades como exemplo. Inicialmente ele possui informações bastante básicas sobre as localidades à sua volta, mas não necessariamente engloba toda a cidade. Para que ele seja atualizado, é necessário subir em alguns pontos especiais do cenário, marcados no mapa com o ícone de uma águia. Geralmente são pontos altos que permitem a Ezio ter uma grande visualização daquilo que está à sua volta. Entendam este processo como a memorização das localidades na mente do assassino, fato que o permite atualizar o mapa daquela determinada localidade.

Este processo permite não só a expansão do mapa, mas também marca nele a localização de alguns lugares e objetos chave. Os próprios documentos são encontrados por meio deste processo, o que o torna tão importante. Mas a exploração não se resume a isso. Após alguns eventos, Ezio acaba encontrando seu tio Mario – em uma das cenas mais engraçadas do game – que por sua vez possui uma verdadeira fortaleza na vila de Monteriggioni. Um dos objetivos secundários é justamente cuidar para que a vila cresça de maneira próspera, sendo então necessário adquirir novos equipamentos e investir algum dinheiro na construção de novos edifícios e na reforma daquilo que não está funcionando bem.

O resultado deste investimento é visto posteriormente, garantindo ao jogador um fluxo monetário satisfatório para a aquisição de novas armas, armaduras, itens de medicina e outros ''brinquedinhos'' úteis para suas missões. Ainda nesta cidade existe uma espécie de mausoléu escondido, onde é possível ver estátuas de grandes assassinos que deixaram para trás a marca de seu trabalho bem feito. O item mais importante presente neste lugar está muito bem guardado, atrás de uma cela fechada por oito trancas. Trata-se da armadura de Altaïr, que fica disponível ao jogador após explorar catacumbas e conseguir algumas chaves especiais para abrir as tais trancas.

E que tal alguns destrancáveis? Ezio também pode recolher penas espalhadas pelo cenário. Achá-las não é tarefa das mais fáceis, mas a recompensa pela façanha é bem interessante, além de servir de combustível para aqueles que gostam de caçar Achievements/Trophies ou simplesmente gostam de aproveitar seu game até a última gota. Também existe a possibilidade de conseguirmos todos os documentos codificados, que por sua vez são colocados em uma parede, formando um estranho desenho que só fará sentido quando todos os documentos estão juntos.

O fato é que as inúmeras adições feitas na fórmula original do game contribuíram para que Assassin's Creed 2 pudesse se tornar um jogo bem mais completo, mais durável e mais divertido. Como qualquer outro game, ele possui seus problemas. Os controles demandam uma certa prática para funcionarem como deveria, já que às vezes o personagem acaba fazendo movimento que não são bem aqueles que você espera, principalmente na hora de escalar edifícios. O sistema de combate também é aparentemente simples, ficando um pouco mais interessante posteriormente. A impressão que dá é de que o game demora um pouco para engrenar, até mesmo para dar mais espaço ao desenvolvimento do personagem principal e suas origens. Bem, não é tão mal assim.

Assassin's Creed II apresenta uma parte gráfica um pouco dividida. A representação das cidades italianas em pleno período renascentista foi muito bem sucedida. As ruas são bastante fiéis a registros da época, tal como os modelos e suas roupas. Os médicos usam a clássica máscara de gás de madeira, em forma de bico, aquela vista em documentos relacionados à peste negra. Um ponto bacana desta versão é a possibilidade de mudarmos as cores da roupa de Ezio, bastando visitar um tesoureiro e pagar pela tintura desejada. Partes alternativas da armadura também estão disponíveis, e elas vão mudando aos poucos o visual do assassino.

Talvez o que incomode um pouco no game seja a modelagem do rosto dos personagens. Ela foi feita de maneira que os animadores pudessem usar e abusar das mais variadas expressões, dando assim mais vida aos diálogos e facilitando inclusive a sincronia labial. O problema é que os modelos aparentemente possuem uma contagem de polígonos um pouco baixa, o que acabou prejudicando um pouco a representação facial dos modelos. Com o tempo o jogador acaba se acostumando, mas não é uma primeira impressão muito boa.

De resto, tanto em texturas quanto em modelagem e animações, Assassin's Creed II leva a melhor. A ação conta com ciclos de dia e noite, mudando de forma progressiva a iluminação das ruas. O único empecilho talvez seja a velocidade deste ciclo de dia e noite, talvez um pouco rápido demais tornando o efeito irreal. Mas a intenção é o que vale e o resultado final foi bastante satisfatório. Por fim, o design dos cenários! Tudo melhorou consideravelmente e a inclusão das catacumbas deu um ''quê'' de Prince of Persia, oferecendo como desafio calabouços cheios de obstáculos, obrigando o jogador a pensar antes de ir adiante. Muito boa adição.

A parte sonora talvez seja a cereja do bolo. As dublagens estão definitivamente incríveis e muito bem interpretadas. A mistura de italiano com inglês caiu muito bem e dá profundidade ao jogo, além de soar correto levando em conta o que está se passando na tela. Estão disponíveis várias faixas de áudio em diferentes línguas, o que inclui diálogos completamente em italiano. Outra novidade excelente, principalmente para nós, é a presença de legendas nesta versão, algo inexistente no título anterior. Com elas ficou muito mais compreender a história, principalmente com a confusão de línguas que é a mistura do carregado sotaque italiano com a língua inglesa. As músicas são belíssimas e misturam muito bem música italiana com instrumental orquestrado, adicionando um clima extra à jogatina e deixando tudo mais crível e interessante.

Assassin's Creed II é um exemplo de como uma série pode evoluir para melhor. O game possui uma excelente jogabilidade e as novidades introduzidas neste sentido foram muito bem vindas. O jogador explora mais, luta mais e dá maior atenção à história, que por sinal é bem mais interessante, além de contar com personagens carismáticos, sem deixar de lado os eventos do título anterior. Para completar temos uma excelente representação das cidades italianas em seu período renascentista, com direito à ajuda de Leonardo da Vinci e suas invenções revolucionárias. Ótimo para quem curte o estilo e um belo presente para quem virou fã da série.

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