quinta-feira, 5 de novembro de 2009

ANALISE: TEKKEN 6 XBOX 360 E PS3






Foi na E3 2006, um ano após o Dark Resurrection, que Tekken 6 foi anunciado. Na ocasião, o título causou bastante surpresa por conta de um "teaser" com a apresentação de Jin em um nível de detalhamento impressionante e o dizer "Uma nova realidade se inicia". Não demorou muito, para que fosse confirmado que o vídeo era apenas uma CG, nem mesmo os famosos "target render", ou seja, algo que ainda não era possível produzir no hardware naquele momento, mas que seria muito próximo do produto final. E de fato Tekken 6 sequer chega perto do tal vídeo – na verdade ele está bastante parelho a outro vídeo revelado na mesma época, onde Lili, Jin e Hwoarang lutavam em uma igreja. Felizmente o produto final não decepciona, mesmo aparentando um pouco defasado perante outros títulos de luta do mercado, até mesmo seu "primo", Soulcalibur IV.

Primeiro a sair para uma plataforma de mesa que não da família PlayStation, Tekken 6 é uma versão expandida do arcade Bloodline Rebellion, que traz equilíbrio na gameplay e personagens inéditos. Mais do que isso: provém modos de jogo inéditos nos fliperamas, típicos para quem deseja se aventurar no conforto do seu lar. Como de praxe, o elenco é formado por uma seleta trupe de lutadores, muitos deles velhos conhecidos enquanto outros dão as caras agora. Paul, Law, King, Jack, Nina, Yoshimitsu são alguns que vêm desde os primórdios da série, acompanhados por Armor King, Anna, Hwoarang, Baek, Wang, Julia, Asuka, entre outras figuras das edições seguintes. Quem realmente estreia em Tekken 6 é Leo, Zafira, Miguel e Bob, ao lado de Alisa Boskonovich e Lars de Bloodline Rebellion – no total são 40 personagens, um chefão e alguns segredinhos.

Um dos pontos positivos da série se mantém vivo em Tekken 6 que é a diversificação de personagens, e com isso a de estilos. Há personagens ligeiros, batedores, bons de contra-ataque, especialista com as pernas ou braços, enfim, é difícil o jogador não apreciar mais de um lutador. E dominar as distintas técnicas de ataque e defesa desses combatentes é muito recompensador para o jogador, que sempre poderá variar e refrescar seu repertório.

A gameplay de Tekken 6 praticamente não tem diferença para Tekken 5: Dark Resurrection. Quem espera por uma evolução ou novidade, pode tirar o cavalo da chuva. O título é praticamente o Tekken 5 com ajustes no quesito "timing", alcance de golpes, dano causado, etc. A única diferença visível nesse ponto está no modo Rage, onde o lutador, com a energia perto do fim, tem sua barra piscando, indicando que seus golpes causarão mais impacto. Fora isso, é a mesma base que já vem de longa data.

São quatro botões de ataque, um para cada membro do corpo (soco e chute, esquerdo e direito) e as variações com esses botões ou o aperto simultâneo de dois executa agarrões, golpes diferentes, indefensáveis, contra-ataques e muito mais. O sistema de combate do jogo é bastante rápido, mas oferece tempo para os jogadores preverem o ataque do oponente, podendo contra-atacar de acordo. As esquivas são úteis para levar o combate a outro plano e oferecer a chance para o ataque contra uma guarda aberta. Correr ou retrair (toques para frente e para trás) são movimentos que incrementam um pouco mais a gama de opções. Fãs de longa data da série não terão nenhuma dificuldade em realizar seu velho repertório de golpes. A única dificuldade pode ser na diferença do controle, caso você venha da família PlayStation e esteja com a versão Xbox 360 – mas é uma mera questão de costume.

Diferente do que muitos pensam, Tekken 6 não é um mero "smash button", ou seja, ganha quem aperta mais vezes os botões de ataque. Isso até pode acontecer entre dois novatos, visto que o sistema possui um manuseio tão fácil que é ridículo executar diversos dos golpes de cada lutador. Mas quem domina as técnicas e o timing para esquivar, contra-atacar, realizar o ukemi (se levantando rapidamente do chão) e até mesmo usa a parede a seu favor terá severas vantagens, e dificilmente será sobrepujado. Existe sim estratégia, e este novo título amplia ainda mais essa regra, oferecendo mais equilíbrio entre os lutadores.

Visualmente, Tekken 6 não brilha como um diamante, mas já está do nível de uma esmeralda. Durante as primeiras mostras do jogo, tivemos a errônea impressão de que esta versão era apenas um pouco melhor que T5DR, mas não demorou muito para percebermos o erro crasso. Este novo título está muito mais detalhado e definido em ambas as plataformas (PS3, Xbox 360) e representa uma evolução de verdade para Dark Resurrection, afinal este era apenas um arcade redimensionado para 1080p. Os modelos estão mais naturais, há mais efeitos na tela – como um de "blur" (borrar) que torna a animação dos personagens mais atraente e crível – e a iluminação praticamente não se compara. Os movimentos dos lutadores foram bem trabalhados e estão mais suaves, coerentes, e se encaixam com muita perfeição. Nossa única reclamação, bem antiga por sinal, fica por conta dos erros de colisão presentes nos personagens maiores. Bob e Panda, por exemplo, não oferecem resistência em suas transponíveis barrigas e quando são agarrados eles tendem a atravessar e a serem visivelmente atravessados por braços, cabeças e pernas. Quando eles estão no chão é a mesma coisa – Azazel então, nem se fala.

Pela primeira vez na série, os cenários apresentam expansões, e quando a luta atinge um ponto específico na arena, esta se quebra e outra área surge. Aliás, demorou bastante para a Namco resolver adotar essa característica tão comum em jogos de luta até da outra geração (DOA2 que o diga). Há pelo menos 16 cenários no jogo, divididos entre abertos e fechados. Os limitados possuem paredes, grades e qualquer objeto que pode ser usados para os jogadores aplicarem mais combos, jogando seu oponente contra os mesmos. Desde as reclamações que surgiram na época do Tekken 4, a Namco trabalhou para melhorar esse aspecto e torná-lo menos apelativo.

Em Tekken 6 há arenas diversas, cada uma com características bem distintas. Na fase de Ásia, temos uma luta em um campo enlameado repleto de porcos (que voam com os ataques dos lutadores), enquanto se pode apreciar uma bela paisagem dentro de uma abóboda em outra arena. Neve que se abre conforme os lutadores passam é um aspecto de outro cenário. Enfim, as fases, assim como boa parte do jogo, estão bastante de acordo com o visto na série, algumas realistas críveis, outras totalmente non-sense e nem sempre "verossímeis".

Tekken 6 oferece uma gama de modos de jogo. Além do tradicional arcade, que simula o que os jogadores encontram nas máquinas, os usuários podem conferir o Scenario, exclusivo da versão doméstica. É uma modalidade com andamento e história bastante semelhante ao Tekken Force visto em edições anteriores, mas com suas particularidades. A história é passável e bem simplória, assim como os modelos, que apresentam um "downgrade" com relação aos encontrados no resto do jogo. O funcionamento é típico do gênero "anda e bate", exceto que o andamento pode ser vertical, horizontal, diagonal, dependendo de como estiver pré-definido, pois a câmera é imutável. Isso acaba gerando um problema em certos momentos: como só podemos andar em algumas direções (e não em 360º) quando não há inimigos, nem sempre é possível traçar uma linha reta para onde se quer ir, e será preciso ziguezaguear pelo caminho. Aqui, os jogadores enfrentarão uma série de inimigos iguais e enfadonhos até chegar a um boss (lutadores do próprio Tekken 6), sempre ajudados pela robozinha Alisa, e as batalhas são com movimentação livre pelo cenário. A quantidade de golpes também é extremamente limitada, independente do lutador escolhido – há soco e chute, um agarrão e poucos combos.

Para incentivar os jogadores, o Scenario traz muitas vantagens, principalmente para quem deseja customizar seus lutadores favoritos. Roupas diversas e centenas de acessórios como calçados, meias, óculos, asas, capas, espadas, etc., podem ser adquiridos de forma mais rápida aqui. Esses acessórios não só modificam a aparência dos personagens nesse modo história, mas também lhes conferem mais defesa, ataque, mais chance de adquirir itens, golpes com elementos (fogo, gelo) e muito mais – no resto do jogo a mudança é apenas visual. As duas versões pré-existentes dos lutadores podem ser alteradas ao bel prazer do jogador, sendo que a terceira (disponível apenas para alguns personagens) não pode ser alterada.

Outra vantagem do Scenario está na fase chamada Arena onde se pode usar qualquer lutador habilitado neste modo e enfrentar três oponentes até concluir com a luta contra Azazel e o eventual encerramento daquele personagem. É um atalho e tanto com relação ao arcade.

Ainda sobre opções para um jogador, o game oferece os tradicionais e auto-explicativos Time Attack, Survival e, ausente de Dark Resurrection, Practice, onde se pode até mesmo aprender sequências devastadoras, daquelas que os jogadores fazem vídeos e colocam na Internet. Ghost Battle, uma curiosa adição, permite que os jogadores enfrentem vários personagens controlados pela CPU de ranking e dificuldade distintos. No final de combate, o jogador recebe sua recompensa em dinheiro e a chance de escolher entre três oponentes diferentes para a próxima luta. Assim como em Tekken 5, seu personagem avança dentro do sistema kyu-dan, começando como estudante e ganhando status de mestre, respectivamente.

Há também Team Battle, onde dois jogadores selecionam oito lutadores – uma forma extra e interessante de competição. Mas não seria um autêntico game de pancadaria se não tivesse modos multiplayer, e isso Tekken 6 tem de sobra.

Além do versus padrão um contra um, o título da Namco vem armado com um componente online, onde se pode participar de lutas com ou sem ranking, com direito a leaderboard. Os lags em ambos os títulos são bastante sutis, e não atrapalham o bom andamento do jogo.

Mesmo com tantas qualidades, Tekken 6 também tem suas imperfeições. Além do já criticado modo Scenario, o título tem visíveis problemas com carregamento de modelos e cenário, tanto online quanto offline. Nem mesmo a versão PS3 se beneficia com a instalação 4GB opcional. Esses carregamentos não chegam a atrapalhar o jogo, mas é um visível os segundos de demora.

Tekken 6, como de costume na série, pouco evolui com relação ao game anterior, mas traz sensíveis melhorias na parte visual, principalmente com a implementação de efeitos visuais que o tornam mais moderno e a par com os padrões de hoje. Com 40 lutadores distintos para se escolher, o título não fica devendo nada a seus antecessores e rivais, e ainda traz uma série de modos de jogo, sistema de customização de personagens, e a gameplay consagrada. E o componente online só garante um desafio inacabável para todos que curtem os embates típicos de um autêntico Tekken. 


Fonte: Finalboss

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