sábado, 3 de julho de 2010

ANALISE: Transformers: War For Cybertron PS3 XBOX360 PC



Se há uma tribo tão fanática no ramo da ficção científica quanto os fãs de ''Star Trek'' e ''Star Wars'', é a composta por fãs da série ''Transformers'', sucesso da Hasbro. O desenho animado, super popular nos anos 80, arrebatou uma legião de fãs em todo o mundo ao introduzir uma aventura repleta de ação e o melhor, acompanhando simultaneamente o lançamento de brinquedos inspirados nos personagens, o sonho de consumo de toda criança da época. Quem viveu sua infância neste período estará mentindo se disser que nunca encheu os olhos com aquelas máquinas ''iradas'' que se transformavam em robôs com um manuseio rápido. Este era exatamente o mote de ''Transformers'': uma série feita para fazer dinheiro, seja vendendo brinquedos – seu ponto principal – ou arrecadar com merchandising relacionado.

Prova disso é a enooooooo(...)ooooorme quantidade de produtos ligados à marca que vemos no mercado, desde outros desenhos (adorávamos ''Beast Wars''), brinquedos, passando por acessórios infantis e até mesmo filmes live action, sucessos recentes no cinema. É claro que os videogames não iriam ficar de fora deste filão, o que gerou diversos jogos dos ''robôs disfarçados'', alguns não muito bons, outros bem divertidos, variando com a época e a produtora de cada título. Apesar de dois games apenas regulares lançados recentemente – pegando carona nos filmes – a produtora High Moon Studios resolveu dar um passo a frente a levar ao mercado um game relacionado a ''Transformers'' com uma certa qualidade.

Com uma história nos games que remete aos tempos do Commodore 64, quando o primeiro jogo foi lançado. No início, os games eram baseados na primeira geração dos personagens, chamada de ''G1'', a mais querida até hoje. Com o tempo, outras gerações dos robôs estrearam nos games, como ''Beast Wars'' e ''Armada'', mas que agradaram apenas aos fãs mais afoitos, até com certa dificuldade. Até hoje, faltava um título que traduzisse com fidelidade o que são figuras como Optimus Prime e Megatron, ícones da cultura pop dos desenhos animados. É isso que Transformers: War For Cybertron é. Um verdadeiro game dos personagens com um nível de qualidade nunca antes visto na franquia. Arriscamos dizer, sem medo algum, que este é o melhor game da marca, por diversos motivos, mas vamos começar por um dos principais: seu enredo.

''War for Cybertron'' optou por um caminho arriscado. Aqui os Transformers não estão na Terra e muitos deles sequer se conhecem ainda. Antes de tudo, o game é uma história sobre a origem de seus personagens, facções, laços de amizade, lealdade e conflitos que perdurariam por eras e mais eras. A grande sacada aqui é saber como começou a amizade entre Optimus e Bumblebee, dos Autobots, e a rivalidade recheada de traições entre Megatron e o desprezível Starscream, pelo lado dos Decepticons. Além disso, conheceremos também como Optimus passou a integrar a linhagem dos ''Prime'' e a fatídica guerra em Cybertron que levou as máquinas a migrarem para a Terra, todos os elementos bastante conhecidos da mitologia da série. Para os fãs, vai ser muito legal ver tudo isso na telinha da TV na medida que jogam, enquanto para aqueles que não conhecem muito da série, aprenderão sobre sua história em um tipo de ''versão definitiva''.

Tal enredo é levemente inspirado nos quadrinhos ''Transformers: War Within'', elogiada série lançada nos Estados Unidos pela editora Dreamwave Productions e escrito pelo renomado roteirista Simon Furman, bem conhecido pelos fãs da série, por ter escrito diversos gibis relacionados. Desta forma, a saga conta basicamente o que houve em Cybertron antes do êxodo para a Terra. Aqui, além das origens, vemos como as duas facções – Autobots e Decepticons – entraram em conflito, enquanto seus respectivos líderes – Optimus e Megatron – se erguiam entre os demais. É louvável que um game com robôs falantes tenha uma história que não chega a ser profunda, mas agrade bastante por sua consistência, combinada com as cenas de ação cinematográfica. Mas, o que seria de ''War for Cybertron'' com esta bela história se tivesse uma jogabilidade digna de um jogo desprezível? Felizmente, a jogabilidade é outro ponto que merece elogios.

Neste ponto, ''War for Cybertron'' lembra títulos que nada tem a ver com Transformers, como os games da série ''Call of Duty''. Aqui a coisa é altamente inspirada em jogos de tiro em primeira e terceira pessoa, com sistema de armas característico de consoles (duas armas no máximo, algo introduzido em ''Halo''), miras de precisão, todo o esquema de botões de recarregamento de munição e atirar pelo gatilho, entre outras coisas. Claro, tudo adaptado ao universo dos personagens, pois há comandos únicos à série, como o clique do analógico, que transforma o robô em um veículo. O único ponto negativo vai para a confusão inicial que alguns jogadores fatalmente irão enfrentar, graças a ausência de um sistema obrigatório de tutorial. É possível conferir dicas dos comandos pelo menu de pausa, mas uma explicação obrigatória e rápida não seria de todo o mal e evitaria algumas dificuldades chatas.

A jogabilidade com os personagens na forma robô é extremamente frenética, totalmente em terceira pessoa. Eles se movimentam de forma ágil e rápida, com uma leveza estranhamento natural, vinda de robôs com metros de altura. Não é lá muito realista, mas novamente: quem quer realismo em um jogo com robôs falantes? Contanto que a jogabilidade seja boa, realismo aqui é o de menos. Ainda nessa área irreal, a segunda instância desta mecânica está na forma de veículo. Seu personagem se transforma on the fly, ou seja, sem interromper suas ações enquanto realiza a transformação. Assim, a jogabilidade muda um pouco e se foca na dirigibilidade dos veículos, que até possuem armas para atirar nos inimigos, mas não são tão bons nisso. O foco mesmo está em fugas em alta velocidade e cruzar cenários rapidamente. Ah, vale notar que todos os robôs se transformam em veículos cybertronianos, pois ainda não conhecem a Terra, por isso não espere que Optimus vire um caminhão terrestre, por exemplo, ou que Bumblebee se transforme em um fusquinha.

Outro ponto de tirar o chapéu em ''War for Cybertron'' está no seu modo multiplayer, que suga elementos de games consagrados, como ''Modern Warfare'' e ''Gears of War''. Aliás, esta era a promessa original da produtora High Moon aos fãs de Transformers, pegar elementos de franquias já estabelecidas e inserir neste universo de forma própria. Realmente isso é o que acontece, com modos competitivos e cooperativos bem balanceados e atraentes, principalmente o cooperativo. Nele é possível seguir a história com até outros dois amigos, já que sempre teremos três personagens em cada fase, mas até que de forma simples, já que funciona basicamente na base do jump in, ou seja, ''junte amigos e jogue, ponto final''.

Já os modos competitivos carregam a cereja do bolo, com modalidades diferentes e a possibilidade de configurar seu próprio transformer, com ranking, habilidades (os famosos perks) e outros detalhes como pintura e modelo. O destaque aqui vai, por exemplo, para o modo ''Horde'', parecido com o de ''Gears of War'', onde os personagens serão bombardeados por hordas de inimigos até que a energia esgote. Outro interessante sob este ponto de vista é o ''Power Struggle'', que é basicamente um ''Capture the Flag'' adaptado ao mundo dos robozões. Os jogadores também podem escolher entre algumas classes, como ''Leader'', ''Soldier'', Scientist'' e ''Scout'', cada um com suas habilidades próprias. Não é a tão que os nomes lembrem outro game de tiro – ''Team Fortress 2'' – já que suas características também são bem parecidas. Pela classe escolhida o jogador determinará também o tipo de veículo de seu robô: cientistas são jatos, enquanto soldados são tanques e por aí vai. Ao final de cada batalha todos ganham pontos de experiência, utilizados posteriormente para destrancar ou melhorar armas.

Além dos problemas já citados anteriormente – a confusão inicial pela falta de um tutorial – ''War for Cybertron'' não é um game perfeito por outros pequenos percalços. O multiplayer, apesar de atraente, pode ficar repetitivo com o tempo, já que suporta apenas 10 jogadores (5 para cada lado em partidas de equipe) e conta com pouco mapas, a maioria deles parecidos uns com os outros. Outro problema que pode incomodar é a campanha curta, que apresenta apenas cinco capítulos para cada facção (total de 10 capítulos). Apesar dos estágios serem grandes, a campanha pode terminar bem rápido para os jogadores mais habilidosos.

Os gráficos também não são de ponta, mas não comprometem. Como Cybertron é um planeta em ruínas, repleto de metal retorcido para lá e para cá, fica aí uma bela desculpa para a produtora se preocupar pouco com modelagem dos cenários, e é realmente isso o que acontece quando nos deparamos com as diversas texturas em baixa resolução espalhadas por aí. Os transformers, por outro lado, estão todos bem bonitos, tanto na forma de veículo quanto na forma de robô. A crítica fica apenas para os efeitos em geral, dos cenários ás particulas de tiros e explosões. Apesar de tudo, a ''freneticidade'' do jogo dificilmente te deixará prestar atenção nestes detalhes.

A música não é lá muito inspirada, com melodias contínuas ao longo das gigantescas fases, mas é na dublagem que mora a qualidade. Apesar de todos os personagens estarem bem dublados, nada se compara com a voz de Peter Cullen, dublador oficial de Optimus Prime que reprisa seu papel por aqui, de forma inigualável. Cullen é conhecido pela voz de Prime em praticamente todos os desenhos animados e jogos de videogame dos Transformers, isso sem falar nos filmes de Michael Bay. Qualquer fã da série vai ter espasmos de alegria quando ouvir durante o game a célebre frase ''Autobots, rollout!'' proferida por Optimus com o mesmo tom imponente que estamos acostumados. Uma pena que não pudemos contar com a mesma qualidade pelo lado dos Decepticons. Frank Welker, a eterna voz de Megatron, não participa deste game, infelizmente.

No final das contas, o saldo é positivo. ''Transformers: War for Cybertron'' é verdadeiramente o melhor game da franquia dos robôs da Hasbro. A produtora High Moon Studios caprichou e entregou aos fãs um pacote completo. Boa jogabilidade não bota tudo a perder e faz valer algumas horas de diversão. A história também não fica para trás, com pontos interessantes e relevantes para a mitologia da série. Para os fãs, é bom ver como começaram amizades e conflitos entre os personagens, bem como outras origens. Para aqueles que não acompanham, fica a ótima oportunidade de conhecer a saga. Apesar de curta, a campanha não decepciona, mas há ainda o modo multiplayer com opções variadas de jogo e a possibilidade de customizar seu próprio transformer, pegando elementos de outros games consagrados.

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