quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
ALIEN BREED EVOLUTION: EPISODE 1 XBOX360
Apesar de relativamente nova – pelo menos se compararmos com outras mídias, como o cinema - a indústria dos games segue alguns ciclos. O avanço tecnológico dos videogames é rápido o suficiente para que recriações de jogos mais antigos com uma apresentação geral mais bacana apareçam em questão de anos. Afinal de contas, quem não lembra daquelas ilustrações bacanas nas capas do Atari, e a óbvia e total disparidade entre aquilo e o que se via na tela? Pois é. Enquanto algumas companhias têm lançado novos jogos inspirados pelo estilo retrô (até mesmo para séries novas!), outras veteranas aproveitam um pouquinho do seu histórico para revisitá-las – e por que não apresentá-las a uma nova geração de jogadores? O Team 17 é um destes estúdios, trazendo à Xbox Live Arcade Alien Breed Evolution, o primeiro de três volumes do remake do clássico da era Amiga. O jogo está previsto para a PSN e PC ainda neste ano.
A trama deste jogo de ficção científica é ambientada em Leopold, uma enorme nave espacial que colide com outra no espaço, provocando sérias avarias em ambas. O jogador controla Conrad, que está encarregado de ver a gravidade do dano, notificar a quantidade de feridos, todo este protocolo. Mas, como desgraça pouca é bobagem... além da quebradeira, incêndios e afins, uma infestação alienígena presente na segunda nave se alastra para Leopold. Não precisa dizer muito, não é? Hora de pegar em armas, se virar para conseguir mais munição e recursos e resolver esta roubada no espaço sideral. O jogo oferece uma boa experiência fechada, mas tenha certeza do inevitável gancho para o próximo capítulo em seu final...
O jogo original tinha câmera vista de cima e lembrava tantos outros games da época, como Alien Syndrome (só para nos atermos a um do mesmo tema). Já esta nova versão traz esta experiência para 3D, usando uma alavanca analógica para mover Conrad e a outra para mirar. Já conseguimos imaginar alguns jogadores reclamando coisas do tipo "ah, então é apenas mais um jogo de tiro com dois analógicos". Felizmente, não é bem assim: os gatilhos do controle servem para disparar a arma escolhida (e há uma boa variedade, sendo que só a pistola tem munição ilimitada) e usar itens, que vão de kits médicos a granadas de fragmentação e de efeito moral. A seleção destes todos é feita com o direcional digital.
Outros elementos também dão uma variedade maior e melhor no jogo. Um deles é o botão de correr, que pode ser usado até que seu personagem canse. Isto mesmo: não dá para sair correndo para sempre, em algum momento Conrad vai se mexer mais lentamente. Ah, sim: se o personagem estiver com pouca energia, ele se moverá mancando até que se faça uso de um kit de primeiros socorros. Durante a aventura, Conrad será guiado por Mia, que indicará no mapa qual o próximo lugar que deve ser visitado, e isto fica marcado em um minimapa na tela – que também marca se existem inimigos nas adjacências. Viu ''blips'' vermelhos? Prepare seu gatilho.
Como o jogo é ambientado em uma nave avariada, é esperado que muitas áreas estejam com focos de incêndio, vazamentos de gases nocivos ao homem, panes elétricas e por aí vai. Daí cabe ao jogador seguir as ordens de MIA e mexer em terminais de computador para contornar os problemas apresentados: este é outro elemento que dá uma variedade a mais, pois cada interação destas tem um medidor de tempo que requer do jogador manter o botão A pressionado até que se complete. Agora, tente fazer isto com limites de tempo como "faça isto em tantos segundos ou morra sufocado" e alienígenas pulando em você – o que interrompe o processo.
Os inimigos deste jogo são, em princípio, parecidos entre si – mas à medida que Conrad avança pela nave, novos tipos aparecem, indo dos menores e numeroros aos maiores. Além de armas e explosivos, também é possível dar coronhadas, que matarão as unidades menores e afastarão as grandes... e mais pra frente na aventura, alguns aliens têm carapaças que devem ser quebradas com golpes de proximidade, para então serem abatidos a bala / laser / granada / sua arma favorita. Não é um combate descerebrado no esquema "atire em tudo o que se mexe". Claro, isto acontece, mas jogadores dispostos a seguirem o estilo "Smash TV" encontrarão a morte várias vezes e mais cedo do que gostariam.
Na mesma onda de System Shock (e copiado em tantos outros, como Doom 3, Metroid Prime e BioShock), o jogo tem PDAs escondidos pelo cenário contando elementos extras da trama, descrições dos inimigos (e sugestões de como se livrar deles) e por aí vai – além de itens escondidos da corporação Intex. Além da campanha principal no single-player (com cinco grandes fases), o jogo também oferece um modo freeplay nas fases já destrancadas – valendo aí a competição nas tabelas de recorde online - modo cooperativo para dois jogadores no mesmo sistema ou via Xbox Live em três fases. E como já é tradição, um bocado de Achievements.
Usando o Unreal Engine 3, o jogo tem uma boa apresentação visual, indo dos efeitos de ambiente (fogo, água, fumaça), de física (caixotes, latas e afins caem e rolam pelo cenário) aos detalhes, como as roupas diferentes do herói em momentos da trama. Os estágios são um tanto típicos de jogo sci-fi, mas é possível notar diferenças entre as duas naves onde a trama acontece. O bom uso de claro e escuro funciona, pois alterna a claridade dos elementos do cenário com a escuridão das áreas mais afetadas pelas avarias. Isto tudo soma bastante ao clima de tensão - seu radar com vários bips vermelhos e você nem sempre dá conta de quem são os inimigos em volta.
A câmera do jogo é controlável – pressionar o RB e LB a giram em 45 graus para cada lado – mas em algumas sequências é dinâmica, como na fuga de um alienígena que parte como um touro para cima de Conrad, e é garantia de morte se ele te alcança. A lanterna acoplada ao cano da arma escolhida também dá um clima a mais, e detalhes como o facho de luz se comportar com realismo – isto é, se o jogador apertar o botão de recarga e Conrad levanta a arma para isto, o facho vai junto, e você está no escuro por alguns instantes – só somam ao clima de tensão.
Além dos comentários aqui e ali, a história do jogo é contada em pequenas intermissões em quadrinhos apresentada entre os episódios, cujo traço lembra HQs europeias em preto e branco (mas tudo com um tom azulado, tal qual os menus e a interface do jogo).
As músicas do jogo também funcionam muito bem, alternando momentos de calmaria e temas de ação. A trilha sonora dinâmica, como temas de ação quando surgem os aliens, dão o senso certeiro de urgência e tudo mais. Assim como os gráficos, o som guarda suas atenções aos detalhes, como o som abafado quando no vácuo do espaço. Os efeitos sonoros também são adequados, e às vezes dá para reconhecer que tipo de alienígena está vindo só pela sua "voz" (o que pode ser útil mais pra frente na aventura). Por fim, a dublagem - ouvida em sua maioria durante as intermissões - faz seu trabalho direitinho e sem exageros.
Agora chegou aquele momento ruim da análise... os problemas. É provável que o mais óbvio de todos seja sua dificuldade inconstante; sinceramente, não dá para saber se é um incentivo para que o jogador não saia atirando para tudo que é lado e conserve munição, ou desequilíbrio mesmo. Alguns finais de fase no meio da aventura são mais difíceis do que as mesmas em capítulos mais avançados. Outro elemento que pesa nisto, mesmo que indiretamente, é o espaçamento entre os save points; estes têm potencial para dar nos nervos em fases mais adiantadas. Outro aspecto que poderia melhorar é o sistema de seleção de armas e itens; no calor da batalha, dá para se confundir quanto a qual eixo do direcional serve para trocar o quê – tipo sua munição estar acabando, você quer trocar para outra arma, e de repente está alternando entre medkits e afins. Talvez uma indicação mais clara na interface do jogo ajudasse. Por fim, há o ocasional bug bobo – como os aliens saindo do chão, voltando e saindo de novo – que não estraga a experiência.
Aproveitando a chance para revisitar um clássico de seu acervo, o estúdio Team 17 não fez pouco em Alien Breed Evolution. Eles poderiam ter tomado o rumo mais preguiçoso e transformado-o em um mero game de tiro com duas alavancas analógicas – não que isto seja um problema, existe muito jogo bom neste esquema de controle... no entanto, a empresa fez um trabalho bacana ao garantir aqui uma variedade a mais. O combate não se resume a atirar e jogar explosivos para tudo que é lado: coronhadas para quebrar a guarda de certos alienígenas, o cansaço do personagem ao correr demais (e andar mancando quando muito ferido), a operação de computadores e terminais que pode ser interrompida ao ser atacado... enfim, deu uma boa variada dentro deste gênero. O audiovisual, movido pelo onipresente Unreal Engine 3, faz bonito com cenários bacanas e brincando com luz e trevas... Enquanto é uma pena que a dificuldade seja tão irregular – os "save points" distantes não ajudam – e a seleção de armas e itens poderia ser melhorada, este é um bom jogo de ação para jogar sozinho (de preferência, no escuro) ou com amigos via Live. E agora é esperar o próximo capítulo...
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