segunda-feira, 7 de junho de 2010

ANALISE: SPLIT SECOND XBOX360 PS3



Se alguém disser que você tem cinco segundos para dizer o nome de "um jogo de corrida estilo arcade, frenético, recente com pouco compromisso com a realidade", qual seria a sua primeira opção? De seis respostas aqui na redação, cinco foram a mesma: Burnout. Não há como negar o sucesso da última vertente, Paradise, em todas as plataformas. No PS3, então, nem se fala: foram tantas promoções da versão download que é difícil que hoje algum usuário, que costume comprar games por demanda, não o tenha instalado no HD. Embora alguns games tenham tentado pegar carona nessa popularidade, apenas o agora o gênero ganha um representante de peso com a chegada do surpreendente Split/Second.

Depois de se inspirar em MotorStorm na produção de Pure, o estúdio Black Rock, em parceria com a Disney, estudou bem o estilo arcade de corridas de carros para a produção de Split/Second. Embora possa ser até comparado a Paradise, o título da Disney não tem um mundo aberto, mas possui suas próprias e empolgantes características e chega como uma grande surpresa para o gênero.

O título oferece as modalidades tradicionais de jogo. Há um singelo, porém eficiente componente multiplayer no jogo, onde podemos usar nossos veículos customizados com decalques que indicam o quão bons somos no volante. Já no 'Quick Play' até dois jogadores podem experimentar todas as pistas, tipos de corrida e carros que tiverem sido destrancados na modalidade principal, que atende por 'Season'. Esse modo se passa por um reality show onde oito corredores não medem esforços para ganhar as corridas. Os eventos são divididos em temporadas, e guardam algumas surpresas para os jogadores na forma de desafios distintos, que vão além da corrida propriamente dita. Enquanto na primeira temos que fugir de botijões jogados por um caminhão, na segunda helicópteros mandam mísseis. Há ainda alguns requisitos necessários para destrancar fases bônus, em um total de mais de 70 eventos.

São seis as modalidades de desafio presentes em Split/Second. Além do tradicional "Race", há o Air Strike (objetivo é desviar dos mísseis do helicóptero, fazendo combos), Survival (botijões são arremessados de caminhões), Elite Race (é a corrida especial para a próxima fase), Eliminator (o último colocado no fim da contagem é eliminado) e o detonator. Nesse último, os Power Plays são acionados automaticamente conforme se passa por eles. O que são Power Plays? O coração do jogo.

Split/Second, que significa "fração de segundo", tem a única premissa de causar impacto, e é o que ele faz do início ao fim. As corridas que o game apresenta são frenéticas e imprevisíveis por conta não só da alta velocidade (a tela chega a tremer nas velocidades mais altas), mas também do sistema de Power Play. Correr atrás dos oponentes (draft), derrapar nas curvas (drift) e pular de rampas faz com que um medidor especial se encha (até nível 3). E cada segmento do medidor serve para acionar uma onda de choque em momentos específicos da corrida, identificados por ícones que surgem sobre os oponentes próximos à frente.

Esses ataques podem ser feitos diretamente no oponente, causando uma onda de choque que o desestabiliza por alguns segundos. Mas o estrago é definitivamente maior quando se visa o cenário. As possibilidades são inúmeras no jogo inteiro - há muitas opções até mesmo em uma única corrida. Carros e caminhões estacionados explodem e voam sobre oponentes, bombas de combustível arrasam com quem estiver próximo, prédios inteiros vão abaixo e a onda de choque faz qualquer um perder o controle. Mas estes são apenas exemplos simples. A barra de Power completa permite que o jogador redefina a rota de jogo em certas pistas, forçando a queda de pontes, derrubando navios em estaleiros, pondo abaixo usinas e aviões, no melhor estilo Hollywoodiano - e acabando com quem estiver no caminho. Tudo repleto de efeitos cinematográficos de explosões, partículas e tudo que temos direito.

Outra utilidade para o Power Play é habilitar passagens mais curtas em pontos específicos no cenário. Ao custo de um segmento, é possível baixar uma ponte, abrir uma porta ou subir um guindaste e tirar vantagem. Os adversários que estiverem na cola podem aproveitar a mamata, mas o mais legal ocorre quando você pensa que vai dar e se aproxima em alta velocidade só para ver a porta fechando ou a ponte subindo na sua cara (e seu carro se despedaçando, claro).

Visualmente, Split/Second impressiona no geral. Os veículos são mais simples que em outros jogos, mas os efeitos visuais que citamos acima compensam essa pequena falta de detalhamento. Os cenários oferecem muita interação e as explosões que se seguem mal nos deixam perceber os defeitos, isso sem falar na iluminação. Há muitos popups, é verdade. O aparecimento repentino de objetos ocorre com certa frequência, dada a velocidade com que se atravessa o cenário, mas nada que atrapalhe a experiência. Toda a destruição é persistente, ou seja, se você explodiu um ônibus na primeira volta, ele continuará pegando fogo no meio da pista até o fim da corrida.

Um detalhe curioso é que o jogo praticamente não tem HUD, deixando a tela limpa para apreciarmos tudo que se ocorre. As poucas informações cruciais são apresentadas de maneira bem discreta logo abaixo do carro, quando a câmera está por trás do veículo. Lá há as voltas e sua posição, ou o tempo ou pontuação a serem batidos, dependendo da fase em questão. Quem olha rapidamente para tela sequer percebe, mas os dados estão bem destacados e é possível verificá-los instantaneamente, sem tirar os olhos da pista. Muito bem sacado.

Outro fator que causa impacto - porque esse é o objetivo de Split/Second - vem da sua trilha sonora. Nenhuma das músicas são licenciadas, e por isso você provavelmente não as ouviu antes. Mas todo o repertório original é bastante empolgante, e oferece um ritmo acelerado e frenético, com batidas pesadas e um mix de techno com rock. Há poucas dublagens, visto que não há personagens no jogo - apenas o narrador que faz as chamadas para o "próximo episódio de Split/Second".

Talvez o maior problema do jogo esteja nas poucas localidades presentes. Apesar do grande número de percursos, há apenas cinco locais diferentes no jogo inteiro. Os popups também são dignos de nota, e ocorrem com sensível frequência. Excetuando esses problemas, Split/Second é uma grande experiência.

Para quem estava com saudade de corridas insanas sem nenhum compromisso com a realidade, eis uma oferta decente. Split/Second chega como uma grata surpresa, ainda mais sendo da Disney, que não tem tanta fama no gênero de corridas. Mas o mesmo efeito causado por Pure é repetido neste segundo trabalho similar da Black Rock, um título de alta velocidade, frenético e com vasto poder de destruição. Afinal, colocar um estádio abaixo só para tirar um adversário da pista nas últimas curvas não tem preço.

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