sexta-feira, 12 de março de 2010

VIDEOANALISE: ALIEN VS PREDATOR PS3 XBOX360 PC



Reunir duas das mais temidas criaturas presentes no universo sempre soa como algo promissor. De um lado, uma máquina de matar, com o intelecto próximo a de um inseto, porém muito mais nocivo e destruidor. Do outro, um dos, senão o maior, caçador já conhecido pelo homem, cuja existência tem como inspiração a luta contra as mais diretas criaturas da galáxia, sempre guardando seu crânio como troféu. E no meio deste pesadelo, os humanos, cuja soberba devida à sua tecnologia se tornou tão notável que mal conseguem perceber sua fragilidade frente a criaturas tão avançadas na arte de matar. Reunir estes elementos no cinema rendeu dois filmes razoáveis. É claro, não são primores da sétima arte, mas ainda assim divertidos.

Mas e nos jogos? Não é de hoje que a receita é utilizada no mundo dos games, e com sucesso. Basta lembrar os primeiros títulos de ação em primeira pessoa desenvolvidos pela Rebellion para o PC, bastante inovadores para a época, ou até mesmo o arcade no estilo ''Beat'em Up'' desenvolvido pela Capcom, uma verdadeira febre no período do seu lançamento. Pois o tempo foi passando, os filmes foram surgindo e a mania ''Aliens versus Predadores'' acabou ganhando força novamente.

E foi assim que surgiu o novo game da série, também desenvolvido pela Rebellion e desta vez disponível no Xbox 360, PlayStation 3 e PC. A idéia básica continua a mesma: proporcionar ao jogador a chance de encarnar as três raças que compõem a série, Humanos, Predadores e Aliens. Cada uma possui sua própria campanha e suas próprias inspirações dentro do jogo, o que oferece uma profundidade bem interessante no que diz respeito à exploração destes ícones do terror. Mas basta jogar alguns minutos do game para que o sentimento de prestígio comece a diminuir gradativamente.

Assim como o game original lançado em 99, Aliens vs Predator possui três campanhas distintas, cada uma, é claro, dando foco a cada uma das raças. Dependendo da escolha, a jogabilidade muda completamente e é aí que começam os verdadeiros problemas. Ao jogar com humanos, o game se mostra um típico game de ação em primeira pessoa. Já com o predador as coisas começam a complicar um pouco mais, pois é necessário ter um controle muito maior sobre os pulos e mecânicas exclusivas do personagem. E quando você for jogar com os aliens, é melhor que tenha a mente bem aberta, além de paciência de sobra, já que a jogabilidade da raça não é nada normal.

O fato é que toda essa confusão acabou gerando dois grandes problemas. O primeiro deles está relacionado à desnecessária complexidade dos controles. Ok, cada raça possui suas próprias habilidades e não há como negar isso, mas os produtores poderiam sim desenvolver uma maneira para que os controles pudessem ser o mais semelhantes possíveis entre as três possibilidades. Como resultado temos um título que fica confuso, dependendo da ordem que o jogador confere cada uma das campanhas. Começar pela dos aliens é pedir para odiar o jogo, enquanto a dos humanos não apresenta nada de original, e isso nos leva até o segundo destes problemas.

Conforme comentamos, são três campanhas distintas que, em um ou em outro momento, acabam se cruzando. O fato é que ter que organizar todo esse conteúdo, de maneira individualizada, não deve ter sido tarefa fácil. E como dificilmente se consegue fazer algo realmente bacana sem que se tenha um foco, o resultado desta empreitada não foi tão interessante assim. Podemos dizer que, infelizmente, Aliens vs Predator é um dos jogos de ação em primeira pessoa menos inspirados disponíveis hoje no mercado. A história é fraca, com uma narrativa bastante pobre e pouco empolgante. Os diálogos são um pouco sem sal, além de estarem presentes de forma ostensiva somente na campanha dos humanos, por motivos óbvios.

É claro, as criaturas em si já possuem carisma suficiente no que diz respeito de prender o jogador e criar expectativa quanto ao conteúdo do game, mas os fãs dos dois primeiros jogos certamente merecem muito mais do que foi apresentado nesta versão. Além disso, dividir um game em três acabou deixando uma péssima impressão. Nós, por exemplo, não demoramos mais do que duas horas e meia para terminar a campanha dos Aliens, que por sinal acaba justamente quando as coisas começam a ficar realmente interessantes. Digamos que o game possua no total cerca de 8 a 9 horas de duração - dependendo da sua habilidade e nível de dificuldade. Divida isso por três e terá uma idéia do que estamos falando.

Controles falhos, história fraca e uma estrutura que deve muito às grandes produções relacionadas às próprias franquias abordadas. Já pode parecer ruim o suficiente, mas e se pudesse ser pior? Infelizmente isso é possível. Os cenários do game são extremamente repetitivos e simplórios, sem contar que não raramente você passará pelo mesmo lugar várias vezes, em mais de uma campanha. Apesar de termos três possibilidades de jogabilidade distintas, cada uma possui uma mecânica bastante básica e de pouca variedade. Os humanos têm acesso a poucas armas, enquanto o Predador fica com os mesmos ataques durante muito tempo. Os aliens, coitados, praticamente não evoluem ao longo da história, e o jogador fica fadado a utilizar os mesmos tipos de ataque até o fim.

Apesar de todos estes problemas, ainda existe algo que pode salvar o game do fracasso total: seu multiplayer. Como estamos falando de três raças realmente distintas, não demora muito para que o jogador se especialize em uma delas, o que acaba fazendo toda a diferença durante as partidas pela Net. Infelizmente, o número de mapas disponíveis, pelo menos até agora, é um pouco pequeno. Além disso, a tendência é que o game fique tão repetitivo quanto o single player, além de um aparente desequilíbrio, dependendo da habilidade de seus oponentes e a raça utilizada. Fora isso temos alguns problema de conexão, como os mostrados na demo, onde o jogador simplesmente não consegue se conectar aos servidores do game. É claro que isso ocorre com uma freqüência infinitamente menor, mas ainda assim é chato ver que a versão final acabou sofrendo com um problema já anunciado pela comunidade.

Explicados os mais diversos fatores relacionados à jogabilidade do game, chegou a hora de entrar em detalhes quanto uma das partes mais decepcionantes do game: seus gráficos. Se você procurava por um exemplo de ''nunca confie nas screenshots'', então acabou de encontrar. Nas telas divulgadas era possível apreciar um visual bem complexo, com efeitos de ambiência super bem feitos, como fumaça e outros elementos que, aparentemente, deixariam a experiência bem bacana. Na prática a coisa muda de figura. O visual do game é bem pobre na verdade, junto com os cenários que são bem simplórios, conforme comentamos antes.

Tecnicamente falando, a impressão é de que temos acesso a algo bastante datado. As texturas apresentam uma resolução ruim, algumas sem a definição devida de um game em alta definição. Além disso, temos a já citada falta de ambiência e efeitos climáticos secundários, como névoa ou luz volumétrica, algo que poderia melhorar bastante a imersão durante as partidas. Mas quem disse que não existe uma parte boa nisso tudo? Os modelos, por exemplo, são ótimos. Cada uma das três raças foi representada de forma magistral, sejam os humanos e suas parafernálias, os predadores com sua aparência tribal ou o design surreal criado por H.R. Giger para os grotescos aliens.

Outro ponto bacana são os movimentos de finalização, principalmente dos predadores e aliens. Como alguns já devem saber, os predadores têm o costume de decapitar seus oponentes, guardando seus crânios – de preferência com sua coluna vertebral junta – como troféu. Já os aliens colocam à prova todo seu instinto assassino, perfurando o crânio de seus oponentes, arrancando suas cabeças com golpes de sua cauda afiada ou simplesmente comendo parte de seus cérebros, utilizando sua mandíbula secundária, presente dentro de sua boca como uma língua sólida e retrátil. Prepare-se para cenas realmente grotescas e nada recomendadas para os mais sensíveis, mas ainda assim um prato cheio para os sedentos por sangue e violência extrema.

A trilha sonora também tem seus méritos. Quem assistiu os filmes originais certamente reconhecerá muitos dos sons apresentados aqui, como os rugidos e ruídos emitidos pelo predador, ou o som das metralhadoras descarregando seus pentes, tudo com um som bastante característico e fiel ao original. As músicas também seguem o clima dos filmes, principalmente os originais. A campanha do predador conta com músicas mais sombrias, enquanto a dos humanos possui temas com mais ação. Pelo menos nesta parte os desenvolvedores souberam como moderar o nível de imersão com o jogador, sendo o resultado em relação ao som bastante satisfatório.

Aliens vs Predator possui sim alguns pontos positivos. Os modelos são muito bons, e as sequências de execução são realmente bárbaras, literalmente falando. Mas o game ainda deixa muito a desejar, com cenários pouco inspirados, uma campanha sem sal e uma progressão que passa e não deixa marcas, sendo somente ''comum''. O multiplayer é divertido, mas tende a perder um pouco da graça com o tempo, além de possuir alguns problemas de conexão como os presentes na demo do game, mesmo que em escala bem inferior. A torcida fica para que sua recém anunciada sequência cubra estes problemas, mostrando que a idéia ainda pode gerar bons frutos.

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