sexta-feira, 12 de março de 2010

VIDEOANALISE: DARWINIA+ XBOX LIVE ARCADE



Lançado no final de 2005 para o PC e Mac, "Darwinia" se revelou uma surpresa muito grata aos fãs de estratégia em tempo real e ação. O jogo contava a história de um ambiente virtual habitado pelos Darwinians, resultado de uma experiência de inteligência artificial, e que passa por uma crise ao ser assolado por toda sorte de vírus de computador. Cabia ao jogador criar unidades de combate para enfrentar esta ameaça eletrônica, e tudo envolvia controlar seus esquadrões como um jogo de tiro convencional, gerenciar os engenheiros para obter matéria-prima (usando as "almas" virtuais dos inimigos derrotados), explorar e achar novas melhorias - indo de granadas a aumento das equipes e tudo mais. Enquanto o jogo em si era bacana, um elemento teria caído muito bem nele: uma modalidade multiplayer.

Três anos depois, o estúdio Introversion lançou "Multiwinia: Survival of the Flattest", um novo título da mesma série plenamente dedicado aos combates multiplayer para até quatro jogadores. Apresentando seis modalidades diferentes, comprovou-se o que se esperava (e sonhava) do anterior: a ideia caiu muito bem para o esquema jogador contra jogador... infelizmente, a divulgação fraca fez com que se tornasse um esforço achar desafiantes para as partidas online, o que derrota por completo o propósito do jogo (por mais que os combates contra a CPU também fossem bem divertidos). Enfim, a dobradinha "Darwinia" e "Multiwinia" caiu naquele território onde há um séquito de fãs mais dedicados, boa recepção pela crítica especializada, mas ainda não caiu nas graças do grande público.

Depois de um longo processo, incluindo aí discussões enroladas e um processo de certificação igualmente complicado, a Xbox Live Arcade recebe Darwinia +, que reúne os dois games em um. O conteúdo dos originais permanece praticamente intacto; já a interface, obviamente, foi adaptada ao gamepad. De forma geral, os ajustes funcionaram bem para o controle do 360, e ainda renderam algumas mudanças que tornaram partes da experiência mais próximo a um jogo arcade. O controle direto dos esquadrões, por exemplo, se aproxima de games como "Geometry Wars", usando as duas alavancas analógicas para mover e atirar (e também servindo para indicar em que sentido granadas são arremessadas, por exemplo). Construir as unidades novas também é fácil, usando o direcional para carregar o Task Manager... é isso aí; suas unidades são listadas em uma barrinha tal qual um sistema operacional, e você pode criar novas "tarefas" ou fechá-las.

Felizmente, o jogo conta com um bom tutorial para apresentar o jogo aos neófitos (ou mesmo para refrescar a memória de quem não joga a versão PC faz tempo), e as duas divisões do game são claramente separadas. O próprio menu na abertura mostra o mundo virtual dividido em "Darwinia" e "Multiwinia". "Darwinia" se concentra na aventura solo onde o jogador explora cada área deste "parque temático" virtual e elimina os vírus e demais ameaças até chegar à raiz do problema, "Multiwinia" apresenta uma situação onde os Darwinians evoluíram para os Multiwinians, tornando-se mais agressivos e territoriais, dividindo-se em tribos em luta pela supremacia dos recursos do ambiente virtual. Ambos os jogos continuam amigáveis como eram, sem complicações desnecessárias, e a adaptação ao gamepad não compromete. Além dos esperados Achievements compartilhados entre as duas versões, o jogo também oferece materiais destrancáveis, como imagens para sua gamertag e roupinhas para o seu Avatar. Nada mau!

Tirando o fato de poder jogar o game em uma tela bem maior que a de seu computador, o estilo audiovisual psicodélico apresentado em "Darwinia+" não traz grandes mudanças aos seus antecessores, combinando gráficos em wireframe, sombreamento flat e gouraud, os efeitos de iluminação, os sprites planos em ambiente 3D, e por aí vai. Os efeitos sonoros continuam interessantes e estranhos (sério, tem um vírus que faz um barulho igual a uma língua-de-sogra quando morre), e os temas eletrônicos dão o clima certeiro. Um elemento fará os fãs mais velhos chorarem com a nostalgia: a sequência de abertura imitando a era do carregamento por fita cassette! Isto mesmo, um "boot loader" clássico, com direito às bordas coloridas, gráficos se desenhando em linhas alternadas e aqueles ruídos característicos do início ao fim do carregamento.

Vendo em retrospecto, parte dos problemas inerentes aos jogos originais - como a ausência de um modo multiplayer em "Darwinia" e o deserto de rivais em potencial na Internet em "Multiwinia" - cai por terra neste jogo. No entanto, alguns probleminhas permanecem, como o elemento de estratégia meio aleatório que as caixinhas de itens no modo multi fornece. Fora disto, há o ocasional "slowdown" quando a tela está ocupada demais, e a inegável barreira que os jogadores mais afeitos a gráficos com tecnologia de ponta terão ao ver a simplicidade visual do jogo. Nada que uma jogadinha na demo não prove se é do gosto de cada um ou não, mas se até mesmo no FinalBoss rolou um pezinho atrás quando as primeiras telas apareceram...

O estúdio Introversion tem motivo de sobra para ficar feliz com seu trabalho: "Darwinia+" reúne bem seus dois jogos, resolve praticamente todos os problemas mais sérios dos dois jogos reunidos e os oferece em uma rede com bastante presença de mercado - quem sabe se, agora sim, as partidas multiplayer acontecerão com mais frequência do que nas versões para computador? Além disto, a adaptação da interface para o gamepad funcionou bem, mesmo se conferindo um teor mais "arcade" a partes do jogo - como o controle direto dos esquadrões, que acaba se tornando algo como um "Geometry Wars" da vida. Beleza, o estilo audiovisual continua se mostrando um divisor de opiniões, agradando aqueles com uma sensibilidade retrô e o conhecimento dos clássicos e afastando os fãs mais ferrenhos dos gráficos supercomplexos. No entanto, a jogabilidade continua sólida e divertida de jogar, mesmo com uma bobagem ou outra entrando no caminho. Fica a torcida para que a popularidade da Xbox Live faça com que "Darwinia+" tenha seu sucesso mais do que merecido. E salve os Darwinians!

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