sábado, 3 de abril de 2010

ANALISE: JUST CAUSE 2 PS3 XBOX 360 PC


Segundo os dicionários, a palavra "sandbox" quer dizer, literalmente, "caixa de areia". Mas na comunidade de jogos, o termo é usado para designar jogos que permitem ao jogador fazer de tudo um pouco. São jogos que oferecem cenários muito extensos, onde para se chegar de um ponto a outro do mapa leva-se muito, mas muito tempo, chegando a ponto de ser inviável fazê-lo a pé. Um dos mais sublimes exemplos desse gênero é Grand Theft Auto, com suas cidades e distritos imensos (Vice City, San Andreas, Liberty City). The Godfather, The Saboteur e Saints Row são outros exemplos válidos de sandbox envolvendo o mesma tema de guerra, histórica ou não, entre o que podemos chamar de "facções". Poucos foram os jogos desse tipo que apreentaram uma ambientação diferente. Boiling Point, por exemplo, levava os jogadores para o meio da selva, e se não fosse por seus bugs horríveis, teria tido uma melhor sorte nas avaliações. Mas nosso objeto de análise é Just Cause 2, a sequência de um título que ninguém dava nada, mas que conseguia, apesar dos pesares, prover aquilo que todos buscam no videogame: graça. Just Cause 2 possui um quê a mais, e mantém o excêntrico estilo cômico, capaz de fazer você rir do próprio jogo.

Just Cause 2 é ambientado em Panau, uma ilha na Ásia Oriental, governada por um ditador feroz. O jogador controla Rico Rodriguez, codinome Scorpio, mercenário e protagonista do primeiro jogo, o único capaz de realizar a missão a que foi confiado: resgatar Tom Sheldon, seu amigo e mentor desaparecido. No caminho, Scorpio tem outra tarefa importante: causar o caos em Panau. Para isso, ele deverá destruir, matar, matar e destruir, não necessariamente nessa mesma ordem, tudo que for relacionado ao governo. Sabotar equipamentos, emparceirar com as três facções criminosas locais e dominar as várias áreas de Panau lhe renderão mais e mais dinheiro e influência no local para derrubar o tirano.

Antes de tudo, vale mencionar que Just Cause 2 é escrachado. Mas não no sentido "sou engraçado, mas temo pela minha vida", e sim "Sou engraçado, e rio do perigo". A primeiro cena do jogo, quando você chega à ilha de helicóptero e é recebido a tiros já mostra o que estamos falando. Os tripulantes conversam enquanto trocam tiros, a mulher quase cai do helicóptero, mas sequer mostra preocupação, o co-piloto morre e cai com um equipamento valioso, e Scorpio simplesmente se joga para recuperá-lo. Sem pensar duas vezes, sem hesitar. Nem mesmo Rambo seria como ele. O cara é galudo!

O que diferencia Just Cause 2 dos demais, além de seu humor, começa com o modo de locomoção dos jogadores. Além dos eventuais veículos terrestres, marítimos e aéreos, o jogador utiliza um pára-quedas que mais serve para planar do que para evitar uma queda. Você, por exemplo, estar dirigindo e, a qualquer momento, acionar o aparelho e sair voando, literalmente, do veículo em movimento, planar por sobre a rua e acionar o "grappling hook", uma das novidades de Just Cause 2, para entrar em outro carro. Essa liberdade de ação e nenhum compromisso com a realidade é que criam uma boa atração para Just Cause 2.

Esse novo item, um gancho com corda que Scorpio usa para se atracar a tudo, acrescentou muito mais opções à gameplay. Prédios podem ser escalados dessa forma, inimigos podem ser agarrados e jogados ao ar para algumas "juggle kills", e até objetos podem ser amarrados a outros para alguma interação. Praticamente não há limites de uso para o aparelho (exceto a distância), que é peça fundamental para as fugas de emergência. Imagine que há militares atrás de você e que não há um carro passando na hora - é possível mirar em um muro ou prédio, acionar o gancho, abrir o pára-quedas e fugir despreocupadamente. Isso é muito legal no jogo.

Como todo sandbox que se preze, Just Cause 2 oferece uma tonelada de missões para serem realizadas. Enquanto você executa aquelas ligadas à história (Agency Missions), e segue a verdadeira jornada de Scorpio atrás de um perigoso americano traidor, é possível ganhar a confiança dos criminosos locais para obter armas, veículos, upgrades e tudo que se possa comprar. São várias facções dentro do extenso arquipélago que forma Panau, e as atividades envolvem eliminar alvos militares, desarticular grupos rivais, desarmar bombas e explodir coisas. Por fora, o jogador pode causar o caos a qualquer momento, derrubando estátuas do governante, destruindo seus carros de propaganda, matando generais, destruindo caixas d'água (literalmente), postos de gasolina, reservatórios de combustível, e outros equipamentos. Quanto mais se destrói, mais a barra de caos se enche, acarreta em mais perseguição e melhor status com as facções criminosas.

Visualmente Just Cause 2 é bem bacana. Nesse arquipélago paradisíaco repleto de praias os jogadores encontrarão ruas, prédios altos e baixos, alguns jardins, muitas árvores, um elevado que cobre toda a ilha principal, pequenas colinas, e até mesmo instalações no deserto. Há efeitos banacas de iluminação, água, mudanças de clima e de ciclo (dia e noite). Isso ajuda a criar uma ambientação mais crível e satisfatória. O nível de detalhes não chega a um GTAIV, mas oferece muito para um jogo em princípio sem tantas pretensões. Mesmo de avião, leva-se um tempo considerável para cobrir toda a região do jogo. Em termos de extensão, Just Cause 2 não deve nada a ninguém.

Just Cause 2 está longe de ser perfeito. São vários pequenos problemas como as animações (que poderiam ser melhores), as cutscenes (que são bem fraquinhas, e não se comparam ao próprio jogo) e alguns pequenos deslizes de câmera e colisão. As outras esquisitices como motos que ficam em pé sozinhas, carros que capotam de maneira hilária, apesar de serem claros problemas técnicos, acabam elevando o humor do jogo – são bugs que costumam fazer-nos rir, e não reclamar.

Não é preciso bater nessa tecla novamente, mas Just Cause 2 é uma real e grata surpresa. Poucos davam alguma coisa pelo jogo, ainda mais sendo a sequência de um game bastante criticado pelo seu mal acabamento e bugs típicos de um produto pouco refinado. Mas Just Cause 2 chega para mudar essa história. Mesmo contendo vários glitches, este é um dos sandboxes mais divertidos dos últimos tempos, do tipo que dá prazer ao jogador a cada missão realizada, ou até mesmo durante a livre exploração, onde há muito para se fazer. Causar o caos nunca foi tão recompensador.

Um comentário:

  1. No jogo just cause 2 como podemos gastar o dinheiro?
    Até agora não descobri o que fazer

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