sábado, 3 de abril de 2010

ANALISE: PERFECT DARK XBOX360



Se houve um jogo para o Nintendo 64 que consolidou os combates no estilo deathmatch, este foi GoldenEye. No entanto, há uma boa parcela de jogadores que consideram Perfect Dark - o próximo jogo de tiro em primeira pessoa para o console em questão – um sucessor mais do que digno, superando-o neste quesito. Enfim, após as andanças da indústria, a Rare foi comprada pela Microsoft, o que rendeu a criação de jogos para o Xbox original como Grabbed By The Ghoulies e Conker: Live & Reloaded (por sua vez, uma recriação expandida de um jogo do N64), e Perfect Dark Zero foi um dos jogos de lançamento do Xbox 360. Mas e quanto ao novo público, que de repente não pegou a época do N64... ficaria de fora da festa, sem saber do seu antecessor? Felizmente, não: a Microsoft lançou uma versão de Perfect Dark para a Xbox Live Arcade, que ao mesmo tempo mostra o quanto o gênero evoluiu de 2000 para cá e como ainda assim é um jogo sólido e com diversão de sobra.

Com os dois pés firmados na ficção científica, a trama de Perfect Dark é ambientada em um futuro próximo, (agora, mais ainda!), no qual Joanna Dark – agente do instituto Carrington – tem como objetivo frustrar os planos da empresa rival dataDyne. Ah, sim, isto acontece porque cada uma das facções em questão é aliada de uma espécie alienígena que quer ver a caveira (ou equivalente) da outra: os Maians e os Skedars, que já são inimigos declarados mesmo antes de sua chegada à Terra. Para isto, Joanna deverá usar toda sorte de equipamento para uma guerra repleta de tiroteios, explosões, espionagem de alta tecnologia e intriga internacional – pensando bem, e por que não dizer "intergaláctica"?

Perfect Dark tem algumas jogadas muito interessantes quanto à sua dificuldade, que não só altera a resistência e eficácia do fogo inimigo quanto inclui mais objetivos por fase, indo de um fácil "ache a saída" até uma sequência mais elaborada, como "desabilite a segurança interna, roube o colar da executiva, capture os dados do computador e ache a saída". Por conta disto, o jogo tem uma grande variedade de itens além das armas, como bombas de ECM (contra-medidas eletrônicas), aparelhos para enviar dados de computadores para a base, óculos de visão noturna e por aí vai. Portanto, não jogue achando que é só meter bala nos inimigos – ok, talvez se você estiver jogando no nível mais fácil, mas ainda assim... Além disto, o game tem um pouquinho de mira assistida.

Além das fases da campanha singleplayer, o jogo também oferece uma variedade de modos multiplayer, seja o bom e velho deathmatch e suas variações, cooperativo ou versus (Counter-Op, um jogador controla Joanna e outro um inimigo que tenta impedi-la). O interessante é que mesmo se o jogador quiser iniciar uma partida contra bots, a grande variedade de comportamentos selecionáveis da IA – os "simulants", personagens controlados pela CPU - propiciam experiências bem diferentes entre elas. Vale notar que como o jogo usa a Live, o limite de jogadores ao mesmo tempo em sessões online foi aumentado para oito participantes, garantindo partidas ainda mais frenéticas.

A adaptação do game é boa, considerando as diferenças do gamepad original do N64 para os atuais – ainda assim, o jogo oferece configurações alternativas que remetem às utilizadas em Halo e Call of Duty (respectivamente chamadas Spartan e Duty Calls, mas que engraçadinhos). Há desafio de sobra para quem quiser encarar, e o esquema de Achievements destrancáveis e alia bem e com naturalidade à ideia destes níveis diferentes de dificuldade fase a fase. Além disto, o jogo também oferece alguns extras destrancáveis para o seu Avatar... incluindo uma camiseta que vem como recompensa por seu primeiro "headshot" realizado com sucesso.

A 4J Studios, responsável pela conversão do game e que já adaptou outros da Rare para a XBLA, fez um bom trabalho de texturização. Enquanto as animações são fluidas (nada de slowdowns), elas não são terrivelmente complexas: lembrem-se que é um jogo de pelo menos dez anos atrás! Ainda assim, as texturas de cenário e personagens são bacanas. Ainda assim, há um charme retrô em ver certas reações de personagem. A dublagem funciona, mas certamente não é o ponto forte do jogo; já a trilha sonora cai muito bem, mesmo que acuse um pouquinho sua idade. Ainda assim, dá para ficar com as músicas na cabeça por um tempo depois de jogar.

Os pontos baixos da versão XBLA de Perfect Dark são, em sua maioria, relacionados a elementos de game design que foram melhorados nestes dez anos. Enquanto o design de fase do jogo não compromete (tanto o da campanha single-player quanto os modos multi), a falta de orientação poderá ser uma verdadeira pegadinha aos não-iniciados no game. Não há indicação, mesmo que opcional, de como chegar ao próximo objetivo – e muito menos um mapa. Outro elemento que poderá incomodar os mais afeitos a tecnologia de ponta é a animação dos personagens, que com toda razão parece datada.

Quem jogou Perfect Dark no Nintendo 64 sabe o que esperar de sua versão para a Xbox Live Arcade em se tratando de jogabilidade, pois o conteúdo principal permanece inalterado: um ótimo jogo de tiro em primeira pessoa, tanto na campanha singleplayer para lá de versátil (as dificuldades diferentes também incluem novos objetivos) quanto o divertido multiplayer. No entanto, as novidades bacanas ficam por conta do trabalho de texturização melhorado, as vantagens que a Live proporciona, incluindo partidas para até oito jogadores. Para os neófitos, o jogo pode parecer estranho em partes – as indicações de caminho são vagas, as animações são um tanto quadradas – mas dá para notar que a 4J Studios fez por onde para torná-lo amigável aos novos jogadores, incluindo esquemas de controle que remetem a Halo e Call of Duty. No fim das contas, o jogo sobrevive com louvores ao teste do tempo, e serve de referência tanto de prova cabal da evolução do gênero desde seu lançamento quanto para mostrar que o jogo continua divertido dez anos depois de lançado.

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