terça-feira, 27 de abril de 2010

ANALISE: LUNAR SILVER STAR HARMONY PSP



Há vários jogos saudosos da época do Sega CD. Por mais que o console não tenha vingado aquilo que a Sega esperava, não há como negar que o sistema recebeu alguns títulos inesquecíveis como Snatcher, Sonic CD (considerado por muitos como o melhor da era 2D), Silpheed e Road Avenger. O console recebeu alguns RPGs decentes, mas Lunar: The Silver Story marcou história em 1992. Não foi por menos que o jogo vendeu quase uma cópia para cada console no Japão, e terminou seu ciclo como o segundo jogo mais vendido do acervo da plataforma. O que Lunar tinha de interessante? Gráficos carismáticos, algumas dublagens com qualidade de CD (Alex!, Oh, Alex!), e cut-scenes (pseudo)animadas. Tais aspectos, além de uma trama bastante coerente com a cultura japonesa - a velha história do jovem herói que quer se tornar forte e enfrenta grandes desafios até salvar o mundo e/ou sua amada, etc. - caíram na graça do povo, e o jogo teve uma digna sequência dois anos depois, com Eternal Blue (1994).

Lunar: The Silver Story ganhou três releituras. A primeira foi Lunar: The Silver Story Complete para PSone e Saturn, seguida de Lunar Legend para GBA. A mais nova iteração é esta: Lunar: Silver Story Harmony que, sem exageros, já chega com status de um dos melhores RPGs de PSP. A versão PSP desse clássico RPG resgata praticamente todos os extras das edições PSone e Saturn, como FMV de verdade, som de alta qualidade (mesmo não sendo mais trilha de áudio) e mais dublagens. No entanto, ainda foi reservado mais um extra: mais eventos para a história e gráficos totalmente refeitos. Se você é fã de Lunar, acreditem: Harmony é a versão definitiva.

Harmony conta a história de Alex, um jovem aventureiro da pequena cidade de Burg que deseja seguir os passos do herói local, o lendário Dragonmaster Dyne. Dyne, juntamente com mais três formidáveis guerreiros, salvaram o mundo de um terrível perigo que ameaçava a deusa Althena e, consequentemente, seu mundo. Muitos anos se passaram, mas a história ainda está na mente dos mais velhos, que sempre fazem questão de passá-la aos mais novos. Quando a chance para um grande aventura surge na vida de Alex, ele seus amigos Luna, Ramus e Nall não deixam a oportunidade escapar. Sua jornada envolverá dragões, antigos guerreiros, encarnações de deuses e muito mais, além de um dramático resgate. Mas, se os veteranos acham que já conhecem a história de cor, fiquem ligados pois há algumas mudanças e adições consideráveis.

Logo na primeira cena do jogo, é possível perceber um desses acréscimos. A lenda original, onde o grupo de Dyne salva a deusa Althena, é mostrada como prólogo. O jogador participa da importante batalha utilizando todos os golpes fantásticos do grupo e tendo o primeiro contato com o sistema de combate tradicional da série.

O que este tem de diferente dos demais RPGs por turno é um fator estratégico ligado à distância, algo que deixa Lunar ainda atraente mesmo com tantos anos de estrada. Inimigos distantes não podem ser atingidos com armas de curto alcance - apenas magias e projéteis como flechas - e por isso é preciso estar atento a esse elemento. Todos podem andar dentro do espaço reservado para o combate, incluindo os adversários que também estão sujeitos à distância, sendo necessárias duas rodadas até que um esteja apto a acertar com suas facas e espadas.

Os encontros do jogo não são mais do tipo aleatório como no original - é possível vê-los perambulando pelo mundo, mas cada um representa um grupo de cinco ou mais criaturas, que só aparecem quando a tela de combate abre. Essa é uma tendência hoje em dia, e a modernização só trouxe benefícios a Lunar. Já dissemos que essa é a versão definitiva? E ainda há um botão para fazer o grupo andar mais rápido. Muito útil.

Como já citamos, todo o gráfico de Lunar Harmony foi refeito. Não há os sprites do original, nem da versão PSone/Saturn, tampouco o de GBA. Harmony vem com seus próprios desenhos, e os personagens deixam de ser SD para ganharem um visual mais natural, porém sem perder a graça característica dos personagens. Há novos efeitos de luz na hora de executar as magias, tornando-as ainda mais prazerosas de serem executadas. Acreditem: é praticamente um jogo completamente novo, exceto que a base da história e os personagens são os mesmos.

Em termos de áudio, é verdade que as músicas da versão original, por serem trilha de áudio do CD, tinham um pouco mais de encanto que os remakes posteriores, mas Harmony resgata esse aspecto. Não só as músicas são prazerosas, como os diálogos ganharam mais linhas dubladas que só valorizam o produto.

As únicas reclamações que temos de Lunar Harmony vem da parte técnica. As cut-scenes, como foram reaproveitadas do PSone, não estão em widescreen, apresentando tarjas pretas nas laterais. A outra fica por conta da música que para sempre que o jogador entra ou sai de alguma área. O loading leva quase dois segundos, e enquanto isso o jogo fica em um silêncio mórbido com tela preta.

Lunar Harmony traz de volta um dos mais adorados RPGs de todos os tempos, refeito e modernizado como todo relançamento deve ser. Músicas novas, mais linhas de dublagem, gráficos redesenhados, efeitos visuais inéditos, e mais eventos para a história só tornam Harmony a versão definitiva. Apenas alguns aspectos técnicos como músicas que param durante o carregamento e as cut-scenes que não estão em tela expandida. Fora isso, este RPG que o tempo não denigriu é obrigatório para quem curte uma autêntica história nos moldes tradicionais japoneses, com toques de humor e personagens carismáticos. Isso sem falar no sistema de combate que não perdeu seu encanto mesmo com o passar do tempo.

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